Cara, eu estou em choque. O mangá de Hunter x Hunter realmente vai voltar e será no dia do meu aniversário (23). Pra quem não sabe, o autor já não posta nenhum material desde o finalzinho de 2018, quase 4 anos de pausa na publicação. Como fã, era triste ver essa história tão interessante parada e sem previsão de voltar, de vez em quando me pegava pensando que se o autor morresse a história realmente acabaria ali. Mas esse não é o momento de pensar em coisa triste, então decidi fazer um textinho falando do meu carinho com a obra e das minhas expectativas.
Em horário de Brasília, vai sair meio dia do dia 23 no serviço da MangaPlus. |
Processo de Formação do Favorito
Avisando aqui no início que abordarei muito mais a adaptação de 2011, feita pelo estúdio MadHouse, já que foi a única mídia que consumi de cabo a rabo. Posta essa informação, tudo começou em 2015 quando um amigo da escola me recomendou Hunter x Hunter porque tinha achado muito legal etc, mas quando olhei na internet vi que tinha dublagem e fui consulta-lo. Nesse momento, ele disse que não sabia nada sobre a dublagem e me indicou ver legendado, e obediente do jeito que sou, fui e vi dublado. Porém, essa versão que eu vi era na verdade a adaptação feita em 1999 e que chegou a vir pro Brasil, e por isso era dublado. Até gostei de ver essa versão, mas logo fui para o remake de 2011 por conta da aparente superioridade técnica. Depois disso eu ainda dei uma pausa de uns meses do anime e voltei a ver de forma bem corrida. Resumindo, uma experiência bem conturbada. Na época eu acabei gostando, mas não levando tanto pro coração, mesmo estando no meu top naquele período.
1999 / 2011 |
Ok, mas quando esse anime que tinha achado legalzinho se tornou meu favorito de todos os tempos? Tenho um pouco de vergonha em falar isso, mas foi por causa do Alexandre Esteves (Youtuber de Anime). Não só ele, mas foi por volta de 2017/18 que comecei a ter contato com um conteúdo voltado mais para a crítica em vez desses canais que sobreviviam de listas, como EiNerd, Bunka Pop, Player Solo e outros que faziam sucesso com esse tipo de conteúdo. Um pequeno parênteses, é impressionante como até hoje esse formato ainda deve ser um dos mais consumidos dentro dessa comunidade Otaku, junto desses gráficos de níveis de poder. Enfim, não foi só o Alê que me fez perceber isso, mas toda uma conjuntura de outros criadores e o contato com outras histórias que podem ser consideradas mais comuns, como Nanatsu, One Piece, Yu Yu Hakusho e outras nessa linha. Isso tudo me fez criar uma certa admiração pelo anime e veio junto de uma atitude de repensar como eu consumia obras. Nesse ponto eu já estava começando a pensar em Hunter x Hunter como um possível favorito, entretanto ainda não era o suficiente. Meu gosto estava muito incipiente e isso me fazia ficar sempre repensando nesse status, até chegar o ponto de questionar o quanto esse papo de "o favorito" importava (não importava). E foi nesse processo que comecei a entender do que eu gostava e formando um certo senso crítico, que foi se lapidando com o tempo. No fim, o que me fez firmar esse anime como um dos favoritos não foi algo dentro, mas fora dele. Comecei a interagir mais com a comunidade, ler mais sobre o obra, escrevi um RPG baseado na história, fiz uma fanfic pra um trabalho de redação falando da infância do Ging e entre outras coisas. Tudo isso que foi acontecendo na minha vida, ajudou a criar um carinho especial com o anime. Fui perceber todo esse movimento de coisas lá pra 2019, enquanto estava estudando sobre o funcionamento do nem pro RPG.
Minhas Afinidades com Hunter x Hunter
Falei nesse último parágrafo que meu gosto foi se formando conforme eu pensava sobre Hunter x Hunter, e isso me fez refletir sobre o quanto ele moldou minha régua ou se só acabou calhando de ter essas coisas que gostava nele. E o que seria essa régua que uso para medir minha afinidade com a história que estou consumindo? Para não complicar de mais o texto, eu basicamente gosto de coisas lógicas e sistemáticas. Respectivamente, a forma como o Togashi estrutura essa história para não soar forçado/equivocado a atitude de descartar metade do seu elenco inicial ou terminar a maior parte de seus arcos de maneira anticlimática, com a intensão de manter uma coerência com o que foi apresentado do mundo ou de gerar uma dúvida no leitor, não é fácil e mesmo assim ele faz constantemente bem. Enquanto a parte mais sistêmica se dá por certas situações que exigem compreender uma série de núcleos e interesses diferentes se colidindo e também pela natureza das mecânicas de poder dentro do anime, não atoa falei que estava estudando sobre o Nen (sistema de poder). É sempre divertido se esforçar para organizar todas essas coisas na minha cabeça. Isso também se liga com outro elemento das histórias do Togashi como um todo, ele ama fazer jogos e dinâmicas que convidam o leitor pra pensar ou até participar. Não sei exatamente o porquê deu gostar desses jogos que ele coloca nas história, mas sei que me divirto vendo.
Saindo dessa parte um pouco mais geral, tenho uma certa fixação com os personagens do Togashi. Me impressiona o quanto ele pega algumas ideias mais simples e vai desenvolvendo em uma história longeva como essa. Por exemplo, era muito fácil ele escrever o Gon sendo a criança inocente e que vê o mundo de maneira romântica, ao invés disso, o Gon é composto como alguém de valores questionáveis. Tem momentos mais sutis ao longo da obra que vão dando pistas de como essa personalidade mais determinada e protetora dele poderia cair para algo mais abusivo, como cenas dele sempre deixando os amigos de fora do problema e sempre tentando carregar o peso de cuidar de tudo, o que vai evoluir para um comportamento mais obsessivo no arco das Quimeras. Um momento mais específico que indica essa moral um pouco deturpada do personagem é sua conversa com Killua. O diálogo ao lado foi pensado como piada, mas também mostra como o Gon não compartilha de um senso "convencional", em vez de se chocar com a natureza do serviço, ele questiona de imediato se um é assassino ou os dois. Querendo ou não, isso é um indicativo, mas existem outros exemplos. Saindo do grupo inicial, outro personagem muito interessante é o Chrollo, vulgo meus personagem favorito, que brinca toda hora com nossas impressões sobre ele. Uma hora ele é o líder decidido e inabalável e na outra alguém que se abre com um simples questionamento e admite não saber a resposta das incógnitas dentro de si. Fazer esse personagem que parece ser tão autônomo ser completamente dependente do coletivo que criou em seu entorno é uma ideia muito legal e parece que vai ser mais explorada com essa volta, assim espero. Outro personagem legal é o Netero, não vejo ele como alguém que luta pelo que é certo, ele só foi lutar contra Meruem (Vilão de um dos arcos) porque foi mandado e não por defender uma forte convicção que vai de encontro aos ideais do inimigo, chego a pensar que pode ser o oposto dessa situação. E mesmo assim ele que foi colocado para lutar contra o vilão naquele momento. Até os personagens menos relevantes tem seu carisma, como a Bisky, Wing, Melody ou o Hanzo. O Togashi sabe como deixar seus personagens interessantes, não é atoa que ele é muito lembrado por conta disso.
Alguns de seus personagens mais memoráveis. |
Entrando numa parte mais específica sobre as adaptações, eu me vi meio encantado com a consistência do remake de 2011. As linhas mais grossas, a fumaça dos golpes, até a animação em si é mais trabalhada, diferente da versão de 99 que tem uma preocupação na direção e arte. Por mais que eu, hoje em dia, prefira essa abordagem da primeira adaptação, ainda fico encantado com essa qualidade de produção do remake. Muitos momentos insignificantes se encontram até hoje gravados na minha mente só por conta dessa versão. Não tenho intenção de desmerecer a antiga, mas também não quero desmerecer a nova. Alguns momentos que me vêm em mente são a luta Meruem e Netero com toda aquela sequência meio abstrata, já que a grandiosidade é tanta que a ação em si não faria jus (Mesmo que a sequência não seja original do anime). Outro momento é quando Gon finalmente chega na Pitou, mas não pode fazer nada. NOSSA! só aquele simples movimentos de pressionar os punhos no chão me deixa tão imerso que é impossível esquecer. Ou naquela hora em que o Killua está chamando o Pouf para brigar e parece que as linhas do corpo do Killua estão prestes a pulsar de tão enérgicas. Enfim, deu pra entender que a produção desse anime tem um valor pra mim, diferente de algumas pessoas na internet que só diminuem o trabalho por ser muito brilhante ou um pouco apressado. Não que eu esteja negando essas críticas, inclusive acho elas bem adequadas, mas não chega ao ponto de desmerecer a qualidade que esse projeto possui.
Vídeo comparando as versões que pode ajudar a entender melhor o que eu disse (só achei em inglês)
Minhas Expectativas
Imagem que sintetiza boa parte dos núcleos de personagens desse arco. |
Considerações Finais
Existe outras coisas que gostaria de falar sobre, mas acho que estaria fugindo de mais a proposta de ser algo mais simples de escrever. Só queria falar um pouquinho dessa obra que me trouxe tantos prazeres e com toda certeza ainda trará mais. Não esperem que esse seja o último texto falando sobre porque eu ainda pretendo revisitar muito Hunter x Hunter, mas, por enquanto, é isso que tenho pra oferecer. E pros não-otakus que me acompanham, relaxem. Não pretendo falar só de animes, acabou calhando de ter dois acontecimentos que me inspiraram a escrever sobre. Vou tentar evitar que o próximo texto seja sobre algum anime, mesmo que o mangá de Hunter x Hunter volte de forma extremamente foda nesse fim de semana ksksksksks.
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